sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

AS QUERELAS NO INTERIOR DOS PARTIDOS POLÍTICOS

As disputas eleitorais sempre foram aguerridas, quase que sangrentas e não raras, no sentido literal da palavra, pelo nosso país a fora a paixão partidária levava a confrontos físicos e tinha com desfecho até mesmo a morte de um ou mais, daqueles que levavam a torcida por algum partido ao últimos extremos da paixão e engajamento.Disso nunca me esqueci, quando na minha pequena, querida e inesquecivel cidade natal, São José de Mossâmedes e mal contava eu com uns cinco anos mais ou menos, correu pela nossa pequena comunidade a noticia que uma pessoa da qual nem me recordo da fisionomia, mas cujo nome, Solano, ficou gravado em minha mente, havia sido assassinada em exclusiva decorrencia de discussões acaloradas com um adversário de partido politico contrário ao seu.
De lá para cá, tendo tomado gosto pela politica regional, isso desde a adolescencia, passei a acompanhar, de perto, o que se desenrolava nos bastidores e também nos palanques politicos, desde que isso viesse a público e fosse publicado no Cinco Março e posteriromente no seu sucessor Diário da Manhã e também em O Popular, sem contar que experimentei atuar diretamente na política, tendo sido vereador da cidade de Goiás e também fracassado candidato a deputado estadual.
Em algumas décadas, como espectador e também ator da cena política, passei a entender, um pouco, do mecanismo e engrenagem das peças que movem e dão vida à prática da politica partidária, de tudo isso tendo uma certeza que o jogo é bruto, pesado, e raramente um neófito em tal arte consegue vencer de pronto, a menos que ele já tenha um traquejo e esperiência que ele adquiriu antes de nela ingressar e "rapidinho" ele absorva o "jeitão que é a coisa", onde o fisiologismo e o interesse particular, embora de forma camuflada, ditam as regras do jogo.
Assim para alguém que não conhece das artimanhas e dureza do jogo, pode se pensar por que fulano e beltrano sendo do mesmo partido, logo eles são amigos e dispostos a ombrear juntos a defesa dos interesses da sigla a que pertencem. Ledo engano, pois na maioria das vezes as batalhas mais renhidas não são travadas com adversários mas, entre filiados de uma mesma agremiação partidária, tanto para as disputas para os chamados cargos majoritários(prefeito, governador, senador e presidente) quanto para os proporcionais(vereadores e deputados) o que em tese, seriam soldados do mesmo pelotão para irem à luta em busca de votos.
Disputas dessa natureza, o que não poderia ser diferente em nenhum lugar do mundo, fazem parte da nossa história politica, algumas até bem recentes , envolvendo personalidades que ainda hoje gravitam pelo mundo da política, para tanto, tendo que atuar com desenvoltura nos cavernosos( para não dizer fétidos) caminhos que permeiam as siglas partidárias no Brasil. Como um exemplo pode se citar Iris Rezende em 1989 quando quis disputar a presidencia da república e que, no entanto, não teve o apoio do seu companheiro de partido e também uma liderança goiana, Henrique Santillo, à época governador do Estado de Goiás que preferiu, em nome da biografia daquele, ficar com Ulisses Guimarães, escolhido como o candidato do PMDB mas que, no entanto, nas urnas amargou um sétimo lugar nas eleições presidenciais daquele ano que contou com um recorde de candidatos e teve como vencedor Fernando Collor de Melo, de triste memória para a nação brasileira.
Tendo o processo eleitoral que atender às mais diversas exigências e normas legais do imenso cipoal que compoem todas as legislações do país, os que pensam em pleitear qualquer função pública através do voto, primeiro tem que se filiar a um partido, obedecer ao ditames impostos pelo seu diretório, colocar o seu nome à apreciação dos seus membros para,uma vez aprovado em convenção, só então se sagrar candidato e colocar o seu nome à disposição dos eleitores.
E é, nesse momento da escolha do candidato, que "cobra engole cobra" e aquele que melhor articula, negocia, faz concessões e etc., é que se torna o candidato do partido para disputar nas urnas o cargo que pretende ocupar, porém para se chegar até uma convenção e ver o nome homologado pelo diretório como candidato, uma difícil, espinhoso e pedregoso caminho precisa ser enfrentado, uma vez que se está em jogo o mesmo número de interesses tantos sejam os votantes que farão a escolha.
Na atualidade, com o advento das pesquisas eleitorais, a vida tem se tornado mais fácil para aqueles políticos que são mais populares junto aos eleitores, uma vez que, dificilmente os pretensos candidatos que estão à frentes nas pesquisas de intenções de votos, são preteridos nas convenções partidárias, embora recente exemplo tenhamos de alguém nessa situação, pois"nas cabeças" nas pesquisas, Joaquim Roriz como candidato a candidato ao governo do distrito federal, teve que trocar de partido dentro do prazo legal para concorrer nas próximas eleições, uma vez que o PMDB, então ainda seu partido, dava inequívocas amostras de que não o aprovaria na convenção, bandeando ele, então, para o PSC que lhe ofereceu a legenda para a disputa em outubro.
Percebe-se, assim, o quão é, melindroso, manhoso e maquiavélico o jogo dentro das siglas partidárias, uma vez que o primeiro dos interesses não é, nem de longe o da coletividade ou do bem comum mas, sim e exclusivamente, o particular daqueles que mandam e decidem quem pode ou não ser o candidato, e que por deterem tal poder estão sempre abertos às negociações que tanto podem ser lícitas ou ilícitas, às claras ou às escondidas conforme costuma se verificar na maioria das situações.

José Domingos.

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